Prof. Dr. Thiago Bernardino de Carvalho
Unesp/Botucatu
O ano de 2021 vem sendo marcado por preços elevados no mercado lácteo no campo, principalmente pela redução da oferta. A estiagem e custos elevados de produção são dois dos fatores que ajudam a explicar o que vem ocorrendo no campo, ao longo dos últimos meses.
Segundo dados do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, o volume de leite captado de janeiro a setembro deste ano chegou a 18,604 milhões de litros, 1,24% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. Vale lembrar que, em 2020, motivado pelos altos patamares do preço do leite, assim como pelos preços dos insumos em patamares menores do que neste ano, o volume de leite captado havia subido 2,71% frente a 2019.
Apesar da redução em relação ao ano passado, o volume de leite captado é o segundo maior da história para o período, o que mostra que, mesmo com um cenário desafiador na economia e dos custos elevados, o setor produtivo vem conseguindo melhorar as condições de produção e aumentar o volume ofertado.
Mas, quando analisado somente o terceiro trimestre de 2021, de julho a setembro, o volume de leite captado no Brasil, de acordo com o IBGE, é o menor em cinco anos, ficando acima apenas do de 2016. No último trimestre, foram captados 6,194 milhões de litros, 4,95% a menos do leite captado no mesmo trimestre de 2020.
Tradicionalmente, no terceiro trimestre há uma elevação na quantidade do leite captado, frente ao segundo semestre, o que não foi diferente neste ano. Entretanto, a alta registrada, de 6,13%, é a menor desde 2015, ficando praticamente empatada com a variação positiva de 2014: 6,12%.
O ritmo menor de crescimento neste ano, no terceiro trimestre, reflete o cenário produtivo, com a elevação da cotação dos insumos, assim como a seca, que afetou não somente a produção de grãos, mas as pastagens, reduzindo e encarecendo a produção e causando impactos na captação.
Por outro lado, os números quase recordes ao longo de 2021 são consequência da elevação da produtividade observada no campo. Com uma expectativa de crescimento de 7% na produtividade de leite produzido por vaca até o final deste ano, o uso da tecnologia ajuda a reduzir os custos fixos e a diminuir os impactos negativos na margem financeira.
O desafio persiste para a pecuária leiteira no segundo semestre, mas os números crescentes de captação, em um ano de incertezas e desafios, mostram que a saída continua sendo o incremento produtivo, com mais tecnologias novas disponíveis no mercado, auxiliando a melhorar o ambiente produtivo e a lucratividade da fazenda.
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