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Prof Thiago Bernardino de Carvalho

 

A arroba do boi gordo ultrapassou o patamar de 200 reais a arroba, valores já vistos na década de 90 em termos de preços reais, mas para a atualidade um alento aos pecuaristas e empresa chamada fazenda.

Muito se discute o real motivo para que os preços valorizassem em um mês mais de 30%. Não se trata apenas de um motivo, e sim de uma junção de fatores que fazem com os preços se ajustem para baixo ou para cima, como nesse caso. Deve-se lembrar sempre que preços é uma reposta do mercado para oferta e demanda.

A demanda externa chinesa foi a grande protagonista desta peça de teatro que não foi um monólogo. Tivemos os coadjuvantes oferta restrita interna de animais prontos para o abate, assim como uma melhora na demanda interna, apesar de lenta, mas que dá sinais positivos neste final de ano e começo do ano que vem.

Deve-se sempre lembrar que a demanda interna é responsável por algo em torno de 70 a 80% da produção de carne bovina brasileira, o que faz do mercado doméstico um grande formador de preços.

Pelo lado da oferta, os preços do boi gordo já vinham depreciados desde o ano de 2016, o que fazia com que muitos pecuaristas tirassem o pé de investimentos e esbarrassem em ganhos de produtividade, trabalhando com margens reduzidas. Esse cenário, somado a preços mais altos dos grãos a partir de abril/maio deste ano devido à maior demanda de milho por parte da suinocultura e avicultura fizeram com que muitos pecuaristas não tratassem o gado com ração, diminuindo assim a oferta de animais para o segundo semestre.

Vários fatores, que com a cereja do bolo chamada China, comprando muita carne em outubro, fez com que os preços em toda cadeia subissem rapidamente em semanas, dias. Mas a grande questão agora é o real reflexo desse movimento de preços para os demais elos da cadeia.

O mercado buscará novo equilíbrio de preços, ajustando principalmente a demanda interna do produto e o consumidor interno terá papel importante na formação dos preços. Para a classe produtiva, o ponto chave desse processo. Ocorrerão investimentos e uso tecnologia, na busca de aumentar a receita com preços mais alto, mas devemos sempre lembrar que não somente o preço do boi deverá se manter firme – preços de bezerro, boi magro e insumos deverão acompanhar essa alta e se valorizar também. Os custos subirão, restando ao pecuarista trabalhar margem.

Para a indústria frigorífica, irá depender muito da resposta do consumidor interno. As margens de exportações estão boas, mas a do mercado interno tendem a ficar restrita devido a ao limite de preços ao consumidor brasileiro. A busca por lotes padronizados e de qualidade deverão crescer

E para a indústria de insumos, entre elas a de medicamentos, deverá ocorrer uma demanda mais consistentes de produtores na busca por tecnologia e produtos que aumentem a produtividade do rebanho, sendo um cenário interessante para a toda a cadeia produtiva.


Prof Thiago Bernardino de Carvalho

 

Muito se discute sobre o a falta de um protagonismo do Brasil no mercado mundial lácteo. Diversas explicações sempre são levantadas, como falta de políticas comerciais para a venda do produto no exterior, um marketing mais agressivo do setor frente a concorrentes, a necessidade de políticas públicas voltadas para o setor, desde extensão rural, até infraestrutura de modo geral, entre outros. Mas um fator que é importante e componente nessa discussão, é a eficiência da produção brasileira, ou seja, a baixa produtividade encontrada dentro da porteira no Brasil, frente aos maiores competidores lácteos.

Quando se analisa a produção de leite no país, há um diagnóstico entre as diferentes bacias leiteiras, com destaques para algumas em detrimento das outras em se tratando do uso de tecnologia, assim como uma produtividade maior. Desse modo, a média de produção nacional acaba ficando entre uma das piores do mundo, devido as grandes diferenças entre as regiões.

Dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), mostram que o Brasil está entre os maiores produtores de leite do mundo, 3º lugar, atrás de União Europeia e Restados Unidos, com cerca de 33 milhões de litros produzidos anualmente.

Entretanto, essa alta produção, poderia ser muito maior. A falta de produtividade das vacas brasileiras, freiam uma produção mais elevada. De acordo com o órgão norte-americano, a produção média das fazendas brasileiras é de apenas 96 litros/dia/fazenda, sendo que em média cada fazenda no Brasil possui, 16 vacas, o que gera uma produtividade de apenas 7 litros/vaca/dia.

A melhor produtividade, está nos EUA, 33,4 litros/vaca/dia, enquanto que na União Europeia, esse número é de 23,4, ou seja, respectivamente os norte-americanos produzem por vaca/dia mais de quatro vezes que o Brasil e os europeus, mais de três vezes. Vale destacar que com a elevação de produtividade, o aumento de escala faz com que haja redução de custos fixos da fazenda.

Esses números apesar de mostrarem uma deficiência produtiva do setor lácteo brasileiro, mostram o potencial de produção que o país tem, sendo fundamental montar estratégias para todo o setor, assim como incentivar o uso de tecnologia entre as empresas de insumos e laticínios/cooperativas. O horizonte está cada vez mais interessante para o setor, basta quebrarmos paradigmas.