Prof Thiago Bernardino de Carvalho
Dois mercados de produtos finais distintos, leite e carne, que mais uma vez se aproximarão nos próximos meses. Isto deverá ocorrer devido à forte valorização dos preços da arroba de boi gordo nas últimas semanas, mas também pela saúde financeira do produtor de leite no Brasil.
Tradicionalmente o produtor de leite no Brasil descarta os bezerros produzidos na fazenda, focando sua produção exclusivamente no leite. Ocorre que em momentos de valorização do mercado de pecuária de corte, como o ocorrido nos anos de 2005, 2010 e 2015 – por motivos diferentes -, o mercado de leite se volta para a competição no destino da produção assim como do produto dentro da porteira.
Manter o bezerro e engordá-lo para o abate ou vender como vitelo? Inseminar sua vaca com sêmen de corte para produzir um bezerro mestiço? Descartar a vaca para fazer um caixa?
Com o preço da vaca gorda chegando em média 200 reais a arroba e o bezerro em média R$ 1.800,00/cabeça (estado de São Paulo), perguntas como essas já rondam a cabeça de produtores de leite, que observaram nos últimos meses uma redução em sua margem econômica e vem na atividade uma alternativa de aumentar a receita da propriedade.
Ações visando o mercado de corte em fazendas de leite devem ocorrer no curto prazo, mas produtores devem sempre ter a cautela nesse movimento. O efeito manada em momentos de valorização de preços em outra cadeia levam à uma oscilação maior de preços e custos e no período seguinte uma falta do produto no mercado, no caso o leite.
Tomando como exemplo de 2015, quando o bezerro salto de 400 para 1.500 reais a cabeça em São Paulo, houve essa busca por esse mercado e no período seguinte, 2016, os preços de leite atingiram valores recordes, devido sim a uma falta dos meios de produção – vaca, assim como um custo alto de alimento concentrado. Com preços em alta do leite, muitos produtores investiram na atividade e o que se observou em 2017 foi alta da produção com preços depreciando e margens negativas para a propriedade.
O aumento da receita sempre será pontual, mas a grande questão é depois de tomada a decisão de venda ou produção de um bezerro mestiço. A gestão de rebanho e de custos é de extrema importância nessas horas. Muitos produtores de leite irão ganhar dinheiro com a valorização do mercado de corte, mas muitos irão se aventurar, queimar seu rebanho e simplesmente pagar contas, não conseguindo manter no médio-prazo uma produção constante e saudável.
O ideal em momentos como esse é aproveitar as cotações fortes e firmes do mercado de corte e renovar o rebanho leiteiro, pois o cenário pode se tornar muito favorável ao setor lácteo no médio e longo prazos. Investir em tecnologia – protocolo sanitário, alimento e genética, sempre trará um horizonte mais seguro ao produtor.
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