Prof. Dr. Thiago Bernardino de Carvalho
Unesp/Botucatu
Se há algum ponto positivo que o cenário da crise sanitária mundial trouxe para a pecuária brasileira, esse é o uso da tecnologia. A corrida chinesa pela busca da carne nacional – aqui devemos falar no âmbito das três carnes, bovina, suína e de frango – e também pelos grãos, assim como a mudança na dinâmica do consumo interno causado pela pandemia, ambos pelo lado da demanda, somados ao ciclo de baixa oferta de animais prontos para o abate, fez com que o setor pecuário nacional buscasse na produção de mais carne por animal, num curto espaço de tempo, a saída para usufruir de um cenário positivo.
O que pode ser visto dentro da porteira nos últimos dois anos foi uma virada importante de chave para a cadeia, na busca de uma sustentabilidade além de econômica, social e também ambiental, que deverá cada vez mais ganhar espaço no dia a dia da atividade.
O ano de 2021 se apresenta como o melhor da história em termos de carne produzida por animal, resultado do aumento e da melhora do uso de sêmen, de uma nutrição estratégica, de um correto protocolo sanitário e de um bom manejo de animais.
Foram produzidos no Brasil, em média, 266,50 kg por animal, um número histórico e, em média, 7,15 kg a mais do que foi produzido no ano passado, um antigo recorde. O ganho em uma década chega a mais de 30 kg por animal, o que representa uma alta de 13,57% e uma taxa de crescimento de 1,21% ao ano, nesse período. Somente nos dois últimos, o crescimento chegou a 7,47%, sinalizando que o uso da tecnologia foi mais impactante neste período. [últimos anos?]
Evidentemente, temos uma variação no ganho de peso nas diferentes regiões, dependendo da genética e da alimentação, mas fica cada vez mais clara a necessidade de buscar a eficiência produtiva em que animais mais pesados e com melhores conversões alimentares trarão mais rentabilidade para a atividade.
Outro ponto fundamental nesta análise é a redução do número de animais abatidos ao longo de 2021, registrando o menor índice desde 2004, o que gerou a necessidade de promover ganhos de produtividade em termos de kg/animal e até mesmo de rendimento de carcaça.
O reflexo desse crescimento entre 2019 e 2021, com os produtores, estimulados também pelos preços dos animais, a usar mais tecnologia, será cada vez mais percebido nos próximos anos, devido à transferência [generalização] da melhora do rebanho ao longo do processo produtivo, assim como à melhora no fluxo de caixa dessas propriedades, que conseguirão ter cada vez mais ganhos de escala e conseguirão se manter na atividade, perpetuando-a no médio prazo, em detrimento dos produtores que não usam tecnologia e ficarão apenas à mercê de altas nos preços.
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