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Professor Thiago Bernardino de Carvalho

 
 
O cenário por um lado parede assustador, pressão nas cotações e custos elevados, enquanto do outro lado, um mercado por muitas vezes sem teto, atraente para a venda de alguns produtos. Esse é o cenário pelo qual passa o produtor de leite nesse último mês.
 
As altas seguidas do preço do leite nos últimos meses motivaram muito produtores a manterem sua produção, mesmo com os custos elevados. Entretanto, com preços elevados dos derivados ao consumidor e uma maior oferta de pastagem em outubro e novembro, fez com que a demanda e oferta pressionassem os preços ao produtor.
 
Esse movimento de queda, somada a custos crescentes do concentrado, devem fazer por um lado com que a oferta se restrinja, impactando nos preços nos próximos meses, que deverá também ter a influência da demanda de final de ano do consumidor.
 
E por outro lado, há arroba do boi gordo. A produção de carne e leite no Brasil se cruzam em determinados períodos principalmente na definição da estrutura de rebanho de uma fazenda, vinculados aos preços dos produtos finais.
 
Com o preço do leite pago ao produtor recuando em novembro, o pecuarista de leite começa a fazer conta e olhar para o mercado de corte na busca de conseguir uma receita adicional e em muitos casos, maior para sua produção.
 
Nos anos de 2005, 2010, 2015 – por motivos diferentes – e agora em 2020, o mercado de leite se volta para a competição no destino da produção assim como do produto dentro da porteira.
 
Decidir o que produzir nesse momento de pressão de baixa nos preços do leite e arroba de bezerro e vaca valorizados, trazem questionamentos para o produtor de leite: manter o bezerro e engordá-lo para o abate ou vender como vitelo? Inseminar sua vaca com sêmen de corte para produzir um bezerro mestiço? Descartar a vaca para fazer um caixa?
 
O que é importante nessas horas para o produtor é evitar tomar decisões precipitadas e focadas apenas na discussão de preço. Com o preço do leite caindo ao produtor, os custos de concentrado subindo e os preços no mercado de corte se mantendo firmes, muitos tenderão a direcionar sua produção esse mercado, fazendo com que haja, já no curto prazo um efeito de redução de produção e por consequência aumento dos preços pagos.
 
Esse efeito, o tradicional efeito manada, ocorre na busca por melhore receitas no curto prazo, que nos médio e longo prazos podem representar prejuízos por uma decisão mal tomada.
 
Aproveitar esse momento para renovar o rebanho, descartando matrizes com baixo índice de produtividade e elevando os índices produtivos médios do rebanho, sem diminuir a produção, podem ser boas decisões a serem tomadas, mesmo com os custos elevados. A melhora produtiva tende a fazer com que a fazenda ganhe em economia de escala e melhore sua margem.